Trata-se de uma estrutura biconvexa, gelatinosa, possuindo grande elasticidade, que diminui progressivamente com a idade. O cristalino é responsável pela convergência dos raios luminosos para a formação da imagem na retina. Qualquer alteração em sua transparência ou constituição impede a formação de imagens nítidas na retina, dificultando assim a visão.
A principal causa da catarata é o envelhecimento do cristalino ao longo da vida. Existem outras formas de catarata, como as secundárias ao uso de crônico de medicamentos como os corticoides, decorrentes de patologias sistêmicas como o diabetes, secundárias à exposição excessiva à radiação ultravioleta ou devidas a traumas oculares entre outras. Existem formas mais raras como a catarata congênita, na qual a criança já nasce com o cristalino opacificado. A catarata também pode ser causada por doenças oculares, como por exemplo, as uveítes.
A catarata pode acometer apenas um, ou ambos os olhos, dependendo de sua causa. A catarata relacionada à idade, doença sistêmica ou ao uso de corticosteroides sistêmicos, geralmente é bilateral e assimétrica, ou seja, pode estar mais avançada em um dos olhos. Poderá ser unilateral se for secundária a doença ocular, ou ao trauma do olho acometido.
A catarata é a maior causa de cegueira em todo o mundo, com exceção dos países desenvolvidos. Responde por 47,8% dos casos mundiais de cegueira. O censo 2015 do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), aponta que anualmente são 120 mil novos casos, e 350 mil brasileiros ficam cegos em consequência da doença.
A catarata apresenta como principal sintoma, a diminuição progressiva da visão tanto de perto quanto de longe. Esta redução da visão pode ser uni ou bilateral. Na maioria das vezes a catarata não pode ser diagnosticada a olho nu, e nem mesmo é percebida facilmente pelos próprios portadores da doença nas suas fases iniciais. A visão vai ficando embaçada. No início a catarata também pode mudar a refração dos olhos. Alguns tipos de catarata pioram quando o paciente está em ambiente bem iluminado, quando sai no sol, por exemplo. A visão das cores também pode piorar lentamente.
O diagnóstico da catarata é feito pelo oftalmologista, realizado através do exame de biomicroscopia associado à dilatação da pupila. Caso seja constatada a presença de catarata, outros exames podem ser realizados para a complementação do diagnóstico.
O tratamento da catarata é cirúrgico, não existindo até o momento nenhum colírio ou outro tratamento clínico para a correção da opacidade do cristalino. A cirurgia está indicada quando não é mais possível obter melhora da visão com o uso de correções ópticas como os óculos por exemplo.
A cirurgia de catarata atualmente é realizada por um processo chamado facoemulsificação com implante de lente intraocular, que consiste na remoção do cristalino por micro fragmentação e aspiração do núcleo, onde após a retirada completa da catarata, é implantada uma nova lente artificial. Atualmente, temos também a opção de corrigir erros refrativos (miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia) junto cirurgia de catarata, ou seja, além de retirarmos a catarata contamos com uma variedade de lentes intraoculares que ajudam a corrigir esses erros refrativos, dando ao paciente a possibilidade de uma independência maior dos óculos.
A anestesia realizada durante a cirurgia de catarata é local, podendo ser realizada somente com gotas anestésicas, ou através da injeção de pequena quantidade de anestésico local na região inferior da órbita. O paciente pode se manter lúcido ou ligeiramente sedado. A anestesia é sempre realizada por profissional habilitado, médico anestesista, que também é o responsável pelo acompanhamento clínico do paciente durante o procedimento, com monitorização cardíaca e oximetria de pulso ao longo da cirurgia. Nos casos de catarata em crianças ou adultos com dificuldades de controle dos movimentos ou de compreensão, a anestesia deve ser geral.
A cirurgia de catarata é a cirurgia mais realizada na oftalmologia e foi uma das técnicas cirúrgicas que mais evoluiu nas últimas décadas. Trata-se de um procedimento microscópico de alta complexidade, é muito seguro, porém, como qualquer procedimento invasivo, não é isento de riscos. A tecnologia atual e a experiência do cirurgião reduzem significantemente estes riscos. A saúde geral e ocular do paciente, bem como sua história familiar, são fatores que influenciam diretamente o resultado cirúrgico. Além disso, é fundamental que o paciente siga as orientações pré e pós operatórias de seu oftalmologista para minorar os riscos.